Um estudo recente realizado por pesquisadores da Inonu University e Kahramanmara Sütçü mam University, ambas na Turquia, revelou que tratamentos alternativos de toque terapêutico (TT) e música podem contribuir para melhorar a qualidade do sono e reduzir diversos sintomas associados à menopausa. De acordo com os autores, essas terapias alternativas tiveram um impacto significativo na qualidade subjetiva do sono, latência e distúrbios do sono.
Os resultados publicados na revista demonstraram que as mulheres submetidas aos tratamentos alternativos de toque terapêutico e música relataram melhorias significativas na qualidade do sono. Isso incluiu um aumento no tempo de sono, redução no tempo necessário para adormecer e menos despertares noturnos em comparação com as participantes que não receberam esse tratamento. Além disso, elas também relataram uma redução nos sintomas da menopausa, como ondas de calor, suores noturnos e secura vaginal.
O ensaio clínico envolveu a análise de 108 mulheres, divididas em dois grupos distintos para os tratamentos de toque terapêutico e música. O toque terapêutico foi aplicado uma vez a cada sete dias durante quatro semanas, enquanto o grupo de música foi solicitado a ouvir música por 30 minutos antes de dormir todos os dias durante o mesmo período. Ao final do experimento, os pesquisadores coletaram os dados fornecidos pelas pacientes por meio de formulários avaliativos.
Embora essas terapias alternativas possam ser custo-efetivas e seguras, é importante ressaltar são necessários estudos adicionais com um maior número de mulheres para confirmar a eficácia desses tratamentos no alívio dos sintomas da menopausa. Além disso, a terapia hormonal continua sendo o tratamento mais eficaz para os sintomas da menopausa, e, para a maioria das mulheres com menos de 60 anos e dentro de 10 anos após o início da menopausa, os benefícios superam os riscos, afirmou Stephanie Faubion, diretora médica da The Menopause Society e uma das responsáveis pelo estudo.
Benefícios para o Sono Durante a Menopausa
A insônia é um problema comum durante a menopausa e afeta cerca de 40% das mulheres, de acordo com o médico João Lindolfo, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM). Ele explica que diversas condições podem afetar a qualidade do sono das mulheres nessa fase da vida, como alterações hormonais e fatores psicológicos.
As causas da insônia pós-menopausa são variadas e incluem ondas de calor, diminuição na produção de estrogênio e progesterona, que afetam a produção do hormônio melatonina, responsável pela regulação do sono. Além disso, o estresse, a ansiedade e a depressão também podem contribuir para a dificuldade em dormir, afirma o especialista.
Abordagem Individualizada com a Musicoterapia
Segundo Éttore Carlo, graduado em musicoterapia pelo Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU), em São Paulo, é possível trabalhar os problemas emocionais enfrentados durante a menopausa por meio de um tratamento musical específico. Ele destaca a importância de analisar as queixas apresentadas pela paciente e entender como elas se relacionam com os padrões musicais.
Cada pessoa tem suas preferências musicais, e elas podem indicar qual tipo de música é mais adequado para alcançar os objetivos terapêuticos desejados, explica Carlo. No entanto, ele ressalta que o processo da musicoterapia não se resume apenas à escolha da música, mas também envolve uma avaliação minuciosa da paciente. É necessário fazer uma análise detalhada, pois nem todas as músicas são adequadas para todos os casos. Por exemplo, não basta colocar música clássica por ser relaxante; é preciso avaliar cada paciente individualmente, considerando todos os aspectos clínicos, destaca.
Alternativas para Aliviar os Sintomas da Menopausa
José Marcelo Santos, acupunturista formado em medicina tradicional chinesa, acredita que a combinação de tratamentos alternativos, como técnicas da medicina chinesa com tratamentos tradicionais, pode ajudar a aliviar os desconfortos causados pela menopausa. Ele menciona a acupuntura, a fitoterapia chinesa (uso de ervas e fórmulas seculares) e a nutrição terapêutica como opções que podem tratar questões emocionais, variações de humor, ondas de calor, inchaços e, consequentemente, melhorar a qualidade do sono. No entanto, ele ressalta que isso não significa que a paciente não deva continuar sendo acompanhada por um ginecologista.
O Poder da Música na Redução da Dor
Pesquisadores da Universidade McGill, no Canadá, conduziram um estudo que revelou que ouvir música favorita pode ajudar a reduzir a intensidade da dor. Durante o experimento, 63 participantes foram submetidos a estímulos de aquecimento de temperatura enquanto escutavam trechos musicais. Os resultados publicados na revista Frontiers in Pain Research mostraram que os pacientes que ouviram sua música favorita relataram menor desconforto em relação àqueles que ouviram apenas músicas relaxantes selecionadas pelos cientistas.
Musicoterapia no Tratamento da Dor e do Estresse
Um estudo realizado por pesquisadores do University Hospitals (UH) Cleveland Medical Center, nos Estados Unidos, sugeriu que a musicoterapia pode ser uma alternativa de baixo custo e não medicamentosa para o tratamento da dor moderada a grave, estresse e ansiedade em hospitais comunitários. Os resultados, publicados na revista PAIN Reports, mostraram que os pacientes que receberam uma sessão de musicoterapia com foco no controle da dor tiveram quatro vezes mais chances de relatar uma diminuição no desconforto sensorial em comparação com aqueles que receberam um tratamento semelhante, mas sem o objetivo específico de controle da dor.
Seneca Block, diretor de terapias expressivas da UH e um dos responsáveis pelo estudo, destacou que embora a pesquisa tenha demonstrado um impacto clinicamente significativo da musicoterapia na redução do estresse e da ansiedade, são necessárias mais pesquisas para fazer comparações específicas entre as intervenções. Ele enfatizou que a musicoterapia não deve substituir o tratamento farmacológico, mas pode complementar o tratamento padrão.
Considerações Finais
É importante ressaltar que, caso uma mulher não deseje ou não possa utilizar a terapia hormonal, existem alternativas para lidar com os sintomas associados ao climatério e à menopausa. Entre essas alternativas estão a terapia comportamental, mudanças no estilo de vida, psicoterapia e o uso de suplementos alimentares e fitoterápicos. No entanto, é fundamental discutir essas opções com um profissional de saúde, pois cada mulher é única e a abordagem ideal pode variar dependendo dos sintomas específicos e das condições de saúde individuais. A segurança e eficácia dessas opções também podem variar, e um profissional de saúde poderá fornecer orientações personalizadas com base na situação de cada paciente.